vivo assim
presa em minha ignota ternura
pelas coisas discretas
escondidas no chão
sem saber como
ou onde expor
para quem dispor
uma porção ao menos suficiente
do que me faz olhar assim ternamente
ao redor desse meu mundo picotado
desse mosaico das coisas belas
que encontrei ao viver a vida assim
vagorosamente a me perder
num arrumar de malas sempre abarrotadas
dos caminhos percorridos
e no fundo, espremidos entre as páginas rabiscadas
e as memórias mofadas
em meio às roupas que não me cabem mais
sob o monte de ternura e passado,
é que ficam guardados
os sublimes amores
catados entre as coisas discretas
escondidas no chão
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